A cidade de São Paulo se contagia por ritmos diversos na Virada Cultural
O centro de São Paulo para. Ou melhor, se movimenta de maneira diferente.
Diversas tribos se unem num só ideal, a difusão cultural. As pessoas saem de casa com a certeza de que encontrarão algo que as satisfaçam, há atrações de todos os tipos de arte, música, cinema, teatro, literatura e dança. Isso é Virada Cultural.
Em sua quinta edição, foi a primeira vez que a Virada sucedeu um feriado prolongado, ocorreu nos dias 2 e 3 de maio, em 24 horas ininterruptas.
Com a forte característica da diversidade, a Virada Cultural encontrou em São Paul

O evento possibilita a divulgação da cultura e, consequentemente, abre espaço às culturas menos divulgadas, prova disso foi ocupar a rua Conselheiro Crispiniano com artistas de músicas instrumentais, abrir o Teatro Municipal para shows da MPB, povoar o largo do Arouche com amantes do romântico brega e disponibilizar um palco na avenida Rio Branco para o samba-rock.

Palco avenida Rio Branco
“É o reconhecimento da nossa cultura, um marco, um palco só para nós”, disse Mario Jardim, amante do samba-rock desde a década de 80. Mario estava acompanhado de sua família e afirmou ter sido a melhor Virada Cultural, pois além do palco dedicado ao seu estilo de música preferido, houve respeito e segurança. “Passei em outros palcos e pude comparar, esse palco era o mais tranquilo, com pessoas mais velhas unidas aos jovens, eram os seguidores dos bailes de flash back, um povo mais centrado na dança, são mais amistosos”, afirma.
O samba-rock surgiu na década de 70, é um estilo de dança, que veio do sambalanço, uma mistura de samba com rock, possui passos característicos de muitos giros e balanço. Enraizada na cultura negra, tem o orgulho de seus seguidores que, em geral, não são conhecidos da massa, como Kamicha Santos, que curte o estilo há mais de dez anos. “O samba-rock é esquecido, como várias outras culturas negras, o hip-hop também, por isso esse palco é reconhecimento, é uma forma de demonstrar o pessoal que dança”, afirma.
Kamicha e Kennedy ao som de Clube do Balanço

A dança foi a protagonista do palco da avenida Rio Branco, por todos os lados era notável a quebra de braços, os giros e a ginga do samba-rock, porém, Camila Cristina dos Santos, deixou clara
sua insatisfação: “A organização não se preocupou com a dança, falta espaço, deviam fazer uma área reservada para quem dança”, mas garantiu

colaboração de quem não dança. “Foi bom porque houve respeito, conseguimos, mesmo com empurra-empurra, espaço para dançar, o pessoal nos respeitou.” E, mesmo os não dançantes, curtiram e aprovaram o evento. “Apesar de eu não dançar, gosto muito da música, espero que daqui para frente entre na grade de programação de todas as viradas”, comentou Marcel Alves.
Apesar de ser um palco destinado a um único estilo de música, houve diversidade nas andas, desde Trio Mocotó, referência no estilo, à novas bandas como Os Opalas que, a propósito tem como padrinho o pandeirista Nereu do Trio Mocotó. Nereu participou do show de seus afilhados e com muito bom humor deu seu recado a mulherada “Mulheres vocês são lindas, aproveitem mesmo.”

Nereu e Os Opalas
Além de Os Opalas, passaram pelo palco Rio Branco, na madrugada do dia 3, as bandas Sandália de Prata, Farufyno, Trio Mocotó, Clube do Balanço e Sambasonics. “Essas bandas foram escolhidas a dedo, Clube do Balanço é muito bom, não tem como não gostar dos caras”, afirmou Rosemeire Vital, que prestigiou o show ao lado do seu marido Kennedy Haywanon.
Com a aprovação do público a Virada terminou. “Apesar de ter sido o primeiro palco dedicado à nós, o saldo foi positivo, as bandas convidadas foram boas, houve segurança e isso mostra o nosso reconhecimento acima de tudo”, conclui Calixto Junior.
Por Aline Silva